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Alta de combustíveis afeta logística e margens industriais

Alta de combustíveis afeta logística e margens industriais

19/05/2025 - 06:12
Lincoln Marques
Alta de combustíveis afeta logística e margens industriais

Em 2025, os custos de transporte e produção enfrentam pressões sem precedentes no Brasil. A alta contínua dos preços dos combustíveis vem transformando estratégias, contratos e margens em toda a cadeia produtiva.

Este artigo detalha as causas dessa escalada, seus desdobramentos na logística rodoviária, as consequências para as indústrias e as possíveis saídas para enfrentar esse cenário desafiador.

Contexto e evolução recente dos preços

No primeiro semestre de 2025, a gasolina atingiu R$ 6,20 por litro em média nacional, chegando a R$ 7,00 em regiões como o Norte. Apesar de um corte de R$ 0,17 nas refinarias da Petrobras, o repasse médio foi de R$ 0,12 ao consumidor.

O diesel acompanhou essa tendência, com preço médio de R$ 6,05 por litro, depois de um corte de 12% para distribuidoras. Ainda assim, o custo ao consumidor subiu 3,02% até abril, impulsionado por margens de postos que saltaram de R$ 0,59 para R$ 0,89 no mesmo período.

O etanol registrou o maior aumento, com alta de 21,6% em 12 meses, alcançando R$ 4,42 por litro em março. Esses percentuais superam o IPCA acumulado de 5,26%, evidenciando uma pressão inflacionária externa ao índice oficial.

Fatores que impulsionam a alta

Diversos elementos contribuem para a volatilidade dos preços no Brasil. A política de preços da Petrobras vincula o valor interno à referência internacional, gerando oscilações rápidas conforme o mercado global.

Além disso, o câmbio influencia diretamente o custo de importação de insumos. A carga tributária, composta por ICMS, PIS/Cofins e Cide, representa uma parcela significativa do valor final, muitas vezes superior a 40% do preço do combustível.

Nas etapas de distribuição e revenda, as margens de postos e distribuidoras têm ampliado a diferença entre preços de compra e venda, dificultando o repasse equilibrado de eventuais reduções de valor nas refinarias.

Impactos na logística

O modal rodoviário domina o transporte de cargas no país, respondendo por cerca de 60% do fluxo total. Com o diesel acima de R$ 6,00, o custo do frete sofre reajustes constantes.

Isso leva a uma transferência imediata de gastos ao embarcador, pressionando a cadeia de suprimentos e exigindo renegociações frequentes de contratos.

  • Renegociação contínua de tarifas com transportadoras
  • Adoção de cláusulas de ajuste de combustível nos contratos
  • Implementação de rotas otimizadas para reduzir consumo
  • Investimento em telemetria para monitorar eficiência

Essas medidas auxiliam na mitigação dos custos, mas não eliminam a instabilidade provocada pela oscilação diária dos preços nas bombas.

Reflexos nas margens industriais

Setores como agronegócio, mineração e manufatura, que dependem de transporte próprio ou terceirizado, veem suas margens comprimidas. A dificuldade de repassar integralmente os custos ao consumidor final resulta em ganhos menores ou até prejuízos.

Pequenas e médias empresas, com menor poder de negociação, enfrentam ainda mais dificuldades para absorver aumentos ou exigir cláusulas robustas de reajuste nos contratos logísticos.

Como estratégia de longo prazo, muitas companhias estudam fontes alternativas de energia e modais, mas a transição requer investimentos significativos e adaptação de infraestrutura.

Reação do governo e tendências futuras

O governo federal anunciou cortes temporários de tributos como PIS/Cofins, mas o impacto é limitado diante da pressão do câmbio e da demanda internacional por petróleo.

Decisões pontuais da Petrobras de reduzir margens nas refinarias nem sempre chegam integralmente ao consumidor, alimentando a percepção de lucros desproporcionais na revenda.

  • Possível revisão da política tributária sobre combustíveis
  • Debates sobre o controle de margens na revenda
  • Incentivos para o uso de modais ferroviário e fluvial

Mesmo com prognósticos de pequenas quedas, a perspectiva para o restante de 2025 é de preços ainda altos, mantendo a pressão sobre a competitividade brasileira no mercado global.

Caminhos possíveis e conclusões

Para enfrentar esse cenário, empresas podem adotar soluções integradas: melhoria de logística, diversificação de modais e contratos flexíveis. A inovação em gestão de frota e o uso de dados também podem trazer ganhos de eficiência.

  • Implementar sistemas avançados de roteirização
  • Explorar parcerias com modais alternativos
  • Apostar em combustíveis renováveis e biocombustíveis

Embora não haja respostas imediatas, uma combinação de estratégias de curto e médio prazo ajuda empresas a reduzir impactos e manter a operação sustentável.

Em suma, a alta dos combustíveis em 2025 representa um desafio gigantesco para logística e indústria, mas também uma oportunidade para acelerar a modernização e buscar maior eficiência em toda a cadeia.

Lincoln Marques

Sobre o Autor: Lincoln Marques

Lincoln Marques