Em 2025, a segunda maior economia mundial enfrenta uma desaceleração marcante que reverbera além de suas fronteiras. Após um ritmo robusto em 2024, mas carregado de desequilíbrios, Pequim agora lida com tensões comerciais e fragilidades internas que desafiam interconexões globais da economia chinesa e influenciam diretamente as perspectivas de crescimento mundial.
No ano passado, a meta oficial de crescimento do PIB foi de 5%, alcançada com esforço, mas mostrando divergências regionais e setoriais. Para 2025, as previsões foram revisadas para cerca de 4% por grandes bancos, enquanto agências internacionais apontam para 4,4%. O primeiro trimestre surpreendeu negativamente, com expansão de apenas 1,2%, a pior desde meados de 2024.
Além disso, indicadores de atividade industrial e varejo revelam arrefecimento: a produção aumentou 6,1% em abril, abaixo dos 7,7% de março, e as vendas do varejo passaram de 5,9% para 5,1%. O mercado de trabalho registra tensões, sobretudo entre jovens, e o setor imobiliário, embora mostre sinais de estabilização, ainda carrega efeitos de uma contração iniciada em 2021.
Diversos fatores internos e externos se combinam para frear o ímpeto chinês. Entre eles, destaca-se a retomada da guerra comercial com os Estados Unidos, que reinstituiu tarifas elevadas e provocou retaliações de Pequim. Ao mesmo tempo, persistem problemas estruturais de longa data, como dependência elevada de exportações e investimentos em detrimento do consumo doméstico.
Para conter a desaceleração, o governo anunciou políticas fiscais e monetárias expansionistas, incluindo aumento de gastos públicos e ampliação de déficits orçamentários. Em março de 2025, foram decretados pacotes de estímulo para infraestrutura, assim como incentivos para automóveis e eletrodomésticos.
Além disso, há um foco no estímulo ao consumo interno por meio de vouchers e programas de subsídio. O Politburo deve se reunir novamente para avaliar novos mecanismos de apoio, numa tentativa de restaurar a confiança dos agentes econômicos e impulsionar uma retomada mais equilibrada.
Os principais números ajudam a dimensionar a intensidade das mudanças entre 2024 e 2025:
A desaceleração chinesa reverbera com força em toda a Ásia e no restante do mundo. Países exportadores de commodities e bens intermediários, como Coreia do Sul e Japão, registram revisão para baixo em suas projeções de PIB. A incerteza comercial e a queda na demanda por insumos eletrônicos e automotivos são pontos de atenção especial.
Diante desse cenário, analistas alertam para riscos de desaceleração sistêmica global caso as tensões comerciais persistam ou se aprofundem. Mesmo assim, há espaço para otimismo: a resiliência chinesa e o histórico de superação sugerem que, com reformas adequadas e diversificação de parceiros, o país pode retomar um ritmo mais vigoroso.
A desaceleração econômica da China em 2025 não é apenas um dado estatístico, mas um alerta sobre a necessidade de crescimento econômico sustentável e equilibrado. Empresas e governos ao redor do mundo devem repensar suas estratégias de comércio, investimento e inovação, priorizando a diversificação de mercados e a solidez das cadeias globais.
Na prática, recomenda-se: manter portfólios diversificados, fortalecer cadeias de suprimentos locais, investir em tecnologia e sustentabilidade, e monitorar de perto as políticas fiscais e monetárias chinesas. Ao agir de forma proativa, agentes econômicos podem não só mitigar riscos, mas também aproveitar oportunidades em setores emergentes, como energia limpa, 5G e biotecnologia.
Por fim, a lição central é clara: em um mundo interconectado, a saúde da economia chinesa reflete-se em cada canto do planeta. Entender suas tendências e preparar-se para cenários diversos será fundamental para navegar com êxito neste momento de transição global.
Referências