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Foco em ESG ganha força entre grandes gestoras

Foco em ESG ganha força entre grandes gestoras

19/09/2025 - 02:28
Robert Ruan
Foco em ESG ganha força entre grandes gestoras

Em um cenário de incertezas econômicas e desafios climáticos, o compromisso das grandes gestoras com critérios ESG (Ambiental, Social e Governança) se torna cada vez mais crucial.

Incorporar critérios ESG não é apenas questão de imagem; trata-se de reconhecer o valor de fatores ambientais e sociais na geração de resultados a longo prazo.

Investidores, reguladores e a sociedade exigem ações concretas, criando um movimento que redefine padrões e pode transformar o mercado financeiro.

Panorama Global do ESG

Dados recentes indicam que os ativos globais classificados como ESG devem alcançar entre US$ 34 trilhões até 2026 e US$ 53 trilhões até 2025.

Esse crescimento é impulsionado pela busca de alternativas à instabilidade em mercados tradicionais, como o norte-americano, e pela urgência de respostas a eventos climáticos extremos.

Estratégias de investimento sustentável se diversificam, contemplando desde títulos verdes até fundos de impacto, ampliando as possibilidades de retorno aliado à responsabilidade.

Além disso, políticas públicas e pressões de investidores institucionais têm estimulado a adoção de práticas mais responsáveis em todo o mundo.

  • Recursos alocados em green bonds e instrumentos sustentáveis em alta.
  • Adoção de critérios ESG como diferencial competitivo.
  • Ênfase em disclosures e relatórios de sustentabilidade.

Avanços no Brasil e Metas para 2025

No Brasil, o estoque de fundos sustentáveis pode chegar a R$ 22 bilhões em 2025, com grandes gestoras como a Régia projetando R$ 18 bilhões sob gestão nessa classe no mesmo período.

Em 2024, 74% das instituições ainda acreditavam em ganhos com sustentabilidade, enquanto 51% apontava a gestão de risco como principal motivação para integrar critérios ESG.

Quatro em cada dez casas reduziram ou excluiram ativos de suas carteiras por questões ambientais e sociais, e 55% já possuem políticas específicas para investimentos sustentáveis.

O mercado local se organiza em torno de frameworks internacionais, como os Princípios para Investimento Responsável (PRI) e as diretrizes do GRI, facilitando comparações e atraindo capitais estrangeiros.

  • Diminuição na crença de ganhos: de 88% em 2023 para 74% em 2024.
  • Quatro em cada dez desinvestiram ativos por sustentabilidade.
  • 55% das gestoras adotam políticas ESG estruturadas.

Motivações e Práticas Sustentáveis

Cada vez mais, as grandes gestoras utilizam critérios ESG não apenas como diferencial de captação, mas também como requisito de clientes e stakeholders externos.

Os linhas de crédito diferenciadas para projetos ambientais e sociais reduzem custos de financiamento e atraem investidores que buscam impacto positivo sem abrir mão da rentabilidade.

Ferramentas de análise ESG com uso de inteligência artificial e big data permitem avaliar riscos climáticos e de governança com maior precisão, tornando os processos de decisão mais robustos.

Embora apenas 9% vincule a remuneração de executivos ao cumprimento de metas ESG, 24% já divulgam compromissos externos, sinalizando um movimento gradual de incorporação.

Desafios e Oportunidades em 2025

A realização da COP-30 no Brasil promete ampliar o foco em biocombustíveis avançados, bioeconomia e energias renováveis, com especial atenção para etanol de segunda geração e SAF.

Setores como o eólico, o automobilístico e o petrolífero despontam como oportunidades, ao passo que investidores institucionais demonstram interesse crescente em soluções de transição energética e descarbonização global.

A integração de soluções tecnológicas, como blockchain para rastreabilidade e plataformas digitais de reporting, deve ganhar força, contribuindo para a transparência e agilidade na gestão de ativos.

O Brasil pode assumir posição de liderança ao unir sua matriz renovável, agronegócios de ponta e desenvolvimento tecnológico, atraindo recursos e expertise internacional.

Transformação na Governança

Conselhos de administração estão sob pressão para integrar especialistas em ESG e revisar processos internos, assegurando maior transparência e eficácia nas decisões.

Temas antes vistos como reputacionais, como direitos humanos e gestão de resíduos, tornaram-se estratégicos, influenciando a alocação de recursos e a elaboração de políticas corporativas.

O aumento da diversidade nos conselhos, considerando gênero, especialização e representatividade regional, fortalece a capacidade de avaliação de riscos ambientais e sociais.

Obstáculos, Ceticismos e Caminhos

Embora haja avanços, persiste um gap relevante entre discurso e execução prática em muitas instituições, com apenas 22% declarando influência efetiva do ESG nas decisões de investimento.

Aos olhares críticos soma-se a percepção de retrocessos em políticas internacionais e a redução de entusiasmo quanto a ganhos financeiros diretos, exigindo maior clareza e comprometimento das gestoras.

É crucial estabelecer metas mensuráveis e alinhar a divulgação de resultados ESG a indicadores reconhecidos globalmente, evitando alegações vagas e fortalecendo a confiança do mercado.

Rumo a um Futuro Sustentável

O avanço do ESG entre grandes gestoras não é apenas uma tendência passageira, mas um movimento estruturante que revela oportunidades de inovação e competitividade.

Ao adotar práticas responsáveis, as instituições abrem caminhos para estruturação de green bonds e instrumentos financeiros que beneficiam investidores, comunidades e o meio ambiente.

É hora de transformar intenções em ações concretas, fortalecendo a credibilidade do mercado, atraindo capitais e contribuindo para um mundo mais justo e sustentável.

Cada decisão de investimento pode gerar impacto positivo, alavancar a transição energética e fomentar uma economia de baixo carbono. O futuro passa pelo compromisso sólido com ESG.

Robert Ruan

Sobre o Autor: Robert Ruan

Robert Ruan