Em um cenário de incertezas econômicas e desafios climáticos, o compromisso das grandes gestoras com critérios ESG (Ambiental, Social e Governança) se torna cada vez mais crucial.
Incorporar critérios ESG não é apenas questão de imagem; trata-se de reconhecer o valor de fatores ambientais e sociais na geração de resultados a longo prazo.
Investidores, reguladores e a sociedade exigem ações concretas, criando um movimento que redefine padrões e pode transformar o mercado financeiro.
Dados recentes indicam que os ativos globais classificados como ESG devem alcançar entre US$ 34 trilhões até 2026 e US$ 53 trilhões até 2025.
Esse crescimento é impulsionado pela busca de alternativas à instabilidade em mercados tradicionais, como o norte-americano, e pela urgência de respostas a eventos climáticos extremos.
Estratégias de investimento sustentável se diversificam, contemplando desde títulos verdes até fundos de impacto, ampliando as possibilidades de retorno aliado à responsabilidade.
Além disso, políticas públicas e pressões de investidores institucionais têm estimulado a adoção de práticas mais responsáveis em todo o mundo.
No Brasil, o estoque de fundos sustentáveis pode chegar a R$ 22 bilhões em 2025, com grandes gestoras como a Régia projetando R$ 18 bilhões sob gestão nessa classe no mesmo período.
Em 2024, 74% das instituições ainda acreditavam em ganhos com sustentabilidade, enquanto 51% apontava a gestão de risco como principal motivação para integrar critérios ESG.
Quatro em cada dez casas reduziram ou excluiram ativos de suas carteiras por questões ambientais e sociais, e 55% já possuem políticas específicas para investimentos sustentáveis.
O mercado local se organiza em torno de frameworks internacionais, como os Princípios para Investimento Responsável (PRI) e as diretrizes do GRI, facilitando comparações e atraindo capitais estrangeiros.
Cada vez mais, as grandes gestoras utilizam critérios ESG não apenas como diferencial de captação, mas também como requisito de clientes e stakeholders externos.
Os linhas de crédito diferenciadas para projetos ambientais e sociais reduzem custos de financiamento e atraem investidores que buscam impacto positivo sem abrir mão da rentabilidade.
Ferramentas de análise ESG com uso de inteligência artificial e big data permitem avaliar riscos climáticos e de governança com maior precisão, tornando os processos de decisão mais robustos.
Embora apenas 9% vincule a remuneração de executivos ao cumprimento de metas ESG, 24% já divulgam compromissos externos, sinalizando um movimento gradual de incorporação.
A realização da COP-30 no Brasil promete ampliar o foco em biocombustíveis avançados, bioeconomia e energias renováveis, com especial atenção para etanol de segunda geração e SAF.
Setores como o eólico, o automobilístico e o petrolífero despontam como oportunidades, ao passo que investidores institucionais demonstram interesse crescente em soluções de transição energética e descarbonização global.
A integração de soluções tecnológicas, como blockchain para rastreabilidade e plataformas digitais de reporting, deve ganhar força, contribuindo para a transparência e agilidade na gestão de ativos.
O Brasil pode assumir posição de liderança ao unir sua matriz renovável, agronegócios de ponta e desenvolvimento tecnológico, atraindo recursos e expertise internacional.
Conselhos de administração estão sob pressão para integrar especialistas em ESG e revisar processos internos, assegurando maior transparência e eficácia nas decisões.
Temas antes vistos como reputacionais, como direitos humanos e gestão de resíduos, tornaram-se estratégicos, influenciando a alocação de recursos e a elaboração de políticas corporativas.
O aumento da diversidade nos conselhos, considerando gênero, especialização e representatividade regional, fortalece a capacidade de avaliação de riscos ambientais e sociais.
Embora haja avanços, persiste um gap relevante entre discurso e execução prática em muitas instituições, com apenas 22% declarando influência efetiva do ESG nas decisões de investimento.
Aos olhares críticos soma-se a percepção de retrocessos em políticas internacionais e a redução de entusiasmo quanto a ganhos financeiros diretos, exigindo maior clareza e comprometimento das gestoras.
É crucial estabelecer metas mensuráveis e alinhar a divulgação de resultados ESG a indicadores reconhecidos globalmente, evitando alegações vagas e fortalecendo a confiança do mercado.
O avanço do ESG entre grandes gestoras não é apenas uma tendência passageira, mas um movimento estruturante que revela oportunidades de inovação e competitividade.
Ao adotar práticas responsáveis, as instituições abrem caminhos para estruturação de green bonds e instrumentos financeiros que beneficiam investidores, comunidades e o meio ambiente.
É hora de transformar intenções em ações concretas, fortalecendo a credibilidade do mercado, atraindo capitais e contribuindo para um mundo mais justo e sustentável.
Cada decisão de investimento pode gerar impacto positivo, alavancar a transição energética e fomentar uma economia de baixo carbono. O futuro passa pelo compromisso sólido com ESG.
Referências