Em 2025, o Brasil vive um momento singular no mercado de trabalho. A criação de empregos formais atinge recordes históricos, desenhando um cenário ao mesmo tempo promissor e desafiador.
Este artigo explora as principais tendências, impactos e recomendações para entender como esse fenômeno influencia a condução da política monetária e o futuro da economia nacional.
Os dados do primeiro quadrimestre de 2025 revelam uma robusta geração de empregos, com 922.362 novas vagas formais criadas entre janeiro e abril. A população ocupada atingiu 103,2 milhões de pessoas, avanço de 2,2% em relação a 2024.
Todos os setores registraram expansão, refletindo a retomada econômica em diferentes frentes.
As maiores contribuições em números absolutos vieram de São Paulo, Minas Gerais e Paraná. Mas, em termos relativos, Goiás, Mato Grosso e Tocantins se destacaram com expansões acima de 3%.
Apesar da redução da taxa de desemprego para 6,8%, persistem problemas significativos no mundo laboral. A persistência de informalidade elevada alcança 38,9% da força de trabalho, somando 40,3 milhões de pessoas sem direitos trabalhistas plenos.
Além disso, as desigualdades estruturais de raça e gênero continuam a marcar a composição dos postos de trabalho. Pessoas pretas enfrentam 7,6% de desemprego, contra 5% entre brancas, enquanto a expansão de modalidades precárias, como trabalhos via aplicativos, acentua a instabilidade.
A taxa de participação da força de trabalho subiu para 62,5%. No Rio Grande do Sul, por exemplo, a desemprego é de apenas 5,3% e o nível de ocupação alcança 63%, liderado pelos serviços e pela construção civil.
Esses indicadores mostram que a recuperação não é uniforme e exige políticas locais direcionadas a setores e populações específicas.
O aquecimento do mercado de trabalho gera pressões inflacionárias derivadas de atividade econômica mais forte do que o esperado. O Banco Central revisou para cima a projeção de PIB em 2025, de 1,9% para 2,1%, ao mesmo tempo em que mantém o alerta para riscos de alta de preços.
Por outro lado, a apreciação do real e queda no preço do petróleo atuam como forças contrárias, ajudando a conter pressões externas sobre a inflação. A meta de inflação de 4,9% para o ano, embora revisitada, ainda cabe esse jogo de forças.
Na prática, o Comitê de Política Monetária (Copom) avalia o ritmo de cortes de juros com cautela. Se a atividade continuar forte, as margens de queda da Selic poderão ser mais moderadas do que se projetava no início de 2025.
Diante desse panorama, diferentes atores podem agir de forma coordenada para manter o equilíbrio entre crescimento e estabilidade de preços.
Além disso, recomenda-se que o Banco Central adote expansão sustentada do emprego formal como um dos indicadores centrais em suas avaliações, equilibrando cortes de juros com monitoramento de variáveis salariais e de produtividade.
Em um contexto global ainda incerto, a concatenção de dados positivos no mercado de trabalho com fatores externos benignos oferece a oportunidade de consolidar uma trajetória de crescimento sustentável, sem descuidar do controle inflacionário.
O aquecimento do mercado de trabalho brasileiro em 2025 é motivo de otimismo, mas não dispensa vigilância. A fortalecimento da formalização e redução das desigualdades são fundamentais para garantir que esse crescimento beneficie a todos de forma equilibrada.
Ao mesmo tempo, a condução da política monetária deve refletir esse dinamismo, calibrando juros de modo que a economia avance sem ameaçar a estabilidade de preços. Somente assim, o Brasil poderá transformar o momento atual em uma base sólida para o desenvolvimento futuro.
Referências