Os dados recentes da economia norte-americana têm repercussões diretas e indiretas sobre ativos brasileiros. Na medida em que o PIB dos EUA desacelera e a inflação apresenta novas pressões, investidores e gestores locais precisam ajustar estratégias para proteger portfólios, aproveitar oportunidades e mitigar riscos.
Este artigo analisa a reação imediata dos mercados globais, detalha as medidas protecionistas implementadas pelos EUA e oferece perspectivas práticas para investidores que atuam no Brasil em 2025.
No primeiro trimestre de 2025, o PIB dos Estados Unidos recuou 0,5%, revertendo crescimento de 2,4% no trimestre anterior. O resultado sinaliza uma desaceleração mais acentuada do que o previsto, gerando preocupações sobre o rumo da economia americana.
Ao mesmo tempo, a inflação anual atingiu 2,4% em maio, superando ligeiramente o nível de abril. O núcleo inflacionário, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, acelerou para 3,3% em doze meses. Esses indicadores reforçam a dificuldade do FED em relaxar a política monetária sem comprometer seu objetivo de estabilidade de preços.
O cenário de juros elevados nos EUA atua como um imã para capitais globais, desviando recursos de economias emergentes e aprimorando a atratividade de ativos denominados em dólar.
Com a taxa básica de juros norte-americana entre 4,25% e 4,50%, o FED sinaliza cautela em promover cortes imediatos. A incerteza quanto à trajetória da inflação e à recuperação econômica mantém o mercado em alerta constante.
No Brasil, a manutenção de uma política monetária própria é condicionada pelo movimento de capitais. A busca por retornos em dólar implica pressão sobre o câmbio e reduz espaço para cortes na taxa Selic, mesmo diante de sinais de desaquecimento da atividade doméstica.
Em abril de 2025, os Estados Unidos impuseram novas tarifas que afetam produtos brasileiros. Além de 10% sobre exportações gerais, aço e alumínio sofreram imposto adicional de 25%, mesma alíquota aplicada a veículos. Esses tributos refletem uma estratégia de contenção de importações e estimulam tensões comerciais.
O impacto esperado, segundo estimativas de bancos nacionais, pode reduzir as exportações brasileiras em até US$ 1 bilhão apenas no setor de aço e alumínio, onde os EUA figuram como o principal destino das vendas nacionais.
Entre os produtos e setores mais vulneráveis estão:
A instabilidade nas perspectivas americanas se refletiu no câmbio: o dólar oscilou amplamente, mas fechou abaixo de R$ 5,50 no fim de junho. A Bolsa brasileira reagiu positivamente à desvalorização moderada da moeda e à expectativa de cortes na Selic.
No mercado de renda fixa, yields de títulos públicos recuaram em cenários de maior liquidez e busca por proteção contra eventuais choques globais. Ainda assim, a volatilidade persiste, exigindo cautela de investidores com perfil conservador.
Empresas exportadoras, sobretudo ligadas a commodities, sentem diretamente o efeito das tarifas tarifas protecionistas dos Estados Unidos. A queda nos preços internacionais do aço e alumínio, somada às barreiras comerciais, pode comprometer resultados trimestrais.
Do lado dos capitais estrangeiros, a comunidade global demonstra prudência. A manutenção de juros elevados no exterior atrai investidores para ativos americanos, limitando o fluxo para mercados emergentes e potencializando a fuga de recursos.
Analistas projetam a possibilidade de cortes graduais de juros nos EUA apenas no final de 2025, condicionados à desaceleração sustentável da inflação. No Brasil, essa janela pode criar ambiente propício para reduções na taxa Selic, caso a inflação doméstica congele em patamares próximos à meta.
Porém, o risco de novas medidas protecionistas permanece alto, diante de disputas comerciais em curso. Monitorar decisões do G7, relatórios de emprego nos EUA e declarações do FED é fundamental para antecipar choques.
Para investidores brasileiros, recomenda-se:
Em um mundo de volatilidade global e incertezas constantes, assumir uma postura proativa, ajustando carteiras e construindo reservas de liquidez, será determinante para surfar oscilações e capturar oportunidades emergentes.
O monitoramento contínuo dos indicadores econômicos dos EUA, aliado ao conhecimento sobre as nuances do mercado brasileiro, pode transformar desafios em vantagens competitivas, proporcionando resultados robustos em cenários adversos.
Referências