Depois de suportar dois trimestres de contração e meses de estagnação, a indústria brasileira registrou em março de 2025 um ganho de 1,2%, superando todas as expectativas. Esse avanço representa não apenas números positivos, mas também o maior alta desde junho de 2024, sinalizando um ponto de virada no ritmo de produção nacional.
O desempenho de março impressiona pela dispersão do crescimento: três das quatro grandes categorias econômicas e 16 das 25 atividades industriais estudadas pelo IBGE mostraram alta na produção. Após janeiro e fevereiro praticamente estáveis, o setor encontrou arrazoado na retomada de demanda interna e no aquecimento de segmentos-chave.
Em abril, o ritmo moderou-se para 0,1%, mas o acumulado do primeiro quadrimestre já soma 1,4%. Considerando todo o ano até março, o avanço chega a 1,9%, enquanto o balanço de 12 meses aponta expansão de 3,1%. Esses dados reforçam a ideia de que a indústria passa por uma fase de recuperação de perdas recentes, consolidando a confiança do mercado.
Embora o crescimento tenha sido disseminado, alguns segmentos se destacaram ao impulsionar o salto de março:
Essas áreas não apenas puxaram o resultado mensal, mas também contribuíram para a diversificação das fontes de crescimento, reduzindo a dependência de apenas um ou dois segmentos.
Apesar do alívio momentâneo, o setor enfrenta obstáculos significativos. Os juros ainda elevados e o crédito restrito limitam o acesso a recursos para investimentos, e a confiança do consumidor permanece em patamares baixos. Economistas alertam que, caso a política monetária restritiva se mantenha, há risco de uma nova desaceleração no segundo semestre.
Além disso, a instabilidade política e a volatilidade cambial podem afetar o planejamento de longo prazo das indústrias, exigindo cautela por parte de empresários e investidores. A queda de 0,5% esperada pela C6 Bank para o fim do ano contrasta com o otimismo de projeções que apontam para crescimento próximo a 2%, mostrando um cenário cheio de nuances.
Para transformar esse momento de retomada em uma trajetória sustentável, especialistas destacam três pilares fundamentais:
A adoção dessas medidas pode impulsionar a produtividade e reduzir custos, criando um ambiente favorável ao crescimento contínuo.
O otimismo cauteloso é a tônica entre analistas. A projeção de crescimento do PIB em torno de 2,3% pela XP sugere que a indústria encontrará terreno fértil para expandir, especialmente se o ambiente creditício melhorar. Por outro lado, a expectativa de desaceleração em 2026, com avanço de cerca de 1%, reforça a necessidade de perseverar em reformas estruturais.
Em um horizonte mais amplo, a recuperação do setor produtivo brasileiro depende ainda de fatores externos, como a demanda internacional por commodities e a estabilidade das cadeias globais de suprimento. A integração de tecnologias digitais, a adoção de práticas sustentáveis e a abertura a parcerias internacionais podem elevar o patamar competitivo das indústrias nacionais.
O cenário atual revela uma indústria em reerguimento, movida por investimento em inovação e pela força de segmentos resilientes. Para que a reviravolta se torne duradoura, é preciso agir em conjunto: setor público, empresas e sociedade civil devem colaborar para derrubar barreiras, atrair recursos e elevar o nível de qualificação.
Mais do que números, trata-se de restaurar a confiança na capacidade produtiva do Brasil, gerar empregos de qualidade e promover o desenvolvimento econômico. Com um olhar estratégico e desburocratização e estabilidade econômica, o país pode trilhar um caminho de crescimento sólido e inclusivo, transformando desafios em oportunidades e consolidando uma nova fase de prosperidade industrial.
Referências