Após enfrentar a maior crise de sua história, o setor de turismo e eventos vive hoje uma fase de retomada que surpreende pelas dimensões e pela velocidade. Dados recentes mostram um cenário promissor, em que empresas, trabalhadores e destinos se beneficiam de um movimento que ultrapassa patamares antes inimagináveis. A seguir, exploramos cada aspecto dessa recuperação, identificando fatores-chave, números atualizados e desafios que ainda demandam atenção.
A crise desencadeada pela pandemia impactou profundamente a cadeia produtiva, reduzindo o consumo em eventos e turismo a níveis quase zero. Com casas de shows vazias, feiras canceladas e fronteiras fechadas, empresas enfrentaram um cenário de incerteza sem precedentes. Em 2021, iniciaram-se os primeiros eventos-teste e, com protocolos de segurança, surgiram os primeiros indícios de retomada gradual.
Em 2022 e 2023, a vacinação avançou e as barreiras de mobilidade foram sendo removidas. Pesquisa da ABRAPE aponta que o setor já operava cerca de 60% acima dos níveis pré-pandemia, confirmando que a demanda reprimida começava a se materializar em bilhetes vendidos, hotéis lotados e o surgimento de novos negócios.
Para 2025, as projeções são otimistas: o consumo no setor de eventos deve alcançar R$ 141,1 bilhões, representando um crescimento de 7 a 8,4% em relação ao ano anterior. Em paralelo, o número de empresas ativas passará de 100 mil para 103,1 mil, enquanto, considerando toda a cadeia ampliada, chegam-se a 836,7 mil negócios.
O impacto social e econômico também é evidente no mercado de trabalho. Estima-se que a cadeia produtiva gere 4,305 milhões de empregos, com a criação de 45,2 mil novas vagas apenas em 2025. No core business — organização de eventos, espetáculos e atividades esportivas — o número de postos formais alcança 186,8 mil, refletindo um incremento de 4,28% de crescimento.”
Um dos pilares dessa recuperação foi o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (PERSE), criado para oferecer renúncias fiscais e linhas de auxílio a empresas em dificuldades. Com aporte de R$ 1,57 bilhão até março de 2025, o programa contribuiu para a manutenção de negócios e para o surgimento de novos empreendimentos.
Além do PERSE, diversas iniciativas estaduais e municipais ampliaram o suporte, garantindo crédito facilitado e isenções de taxas. Especialistas afirmam que essa sinergia entre entes federativos foi fundamental para evitar o fechamento em massa de produtores de eventos, casas de espetáculo, buffets e outros prestadores de serviço.
Com a retomada dos grandes eventos e a realização de congressos, feiras e festivais, a base de empresas cresceu. Em 2025, mais de três mil novos CNPJs foram abertos, reforçando a expansão da base de empresas que atendem ao setor.
No âmbito dos empregos formais, ações de qualificação profissional e programas de estágios voltados para jovens foram decisivos. O resultado é um mercado mais dinâmico, em que produtores, técnicos de som, equipe de montagem e serviços de apoio encontram maior estabilidade e perspectiva de carreira.
O efeito multiplicador do setor é evidente na economia nacional. Cada real investido em eventos gera demanda em pelo menos 52 atividades correlatas, entre elas:
O incremento desses segmentos sustenta não só o turismo receptivo, mas também o doméstico, com brasileiros redescobrindo roteiros nacionais e fomentando negócios locais.
Além dos eventos tradicionais, surgem nichos promissores, como o turismo de experiência — que valoriza imersão cultural e contato com a comunidade — e o entretenimento híbrido, que mescla formatos presenciais e digitais. Esses modelos ampliam o alcance e diversificam as fontes de receita.
Alguns exemplos de crescimento acelerado incluem:
Apesar dos avanços, a recuperação plena ainda depende de políticas de suporte. A prorrogação do PERSE e de incentivos fiscais é apontada como essencial para consolidar o crescimento, garantindo liquidez e fôlego para empreendedores.
Embora o crescimento de 2025 seja menos acelerado que o dos últimos anos, ele tem caráter sustentável e consolidado, abrindo espaço para uma estabilização em níveis elevados. A expectativa é de que o setor se mantenha resiliente frente a oscilações econômicas.
Setores representativos, como a ABRAPE, estão em constante diálogo com o Congresso Nacional e o governo federal. A mobilização busca assegurar um ambiente jurídico e tributário favorável, além de políticas de fomento voltadas para inovação e capacitação.
O engajamento de entidades setoriais e a colaboração público-privada serão determinantes para evitar retrocessos e garantir que o setor continue contribuindo de forma significativa para o geração de renda e emprego.
O ano de 2025 representa mais do que uma simples retomada: trata-se de um momento de consolidação de conquistas duramente alcançadas. Com investimentos, políticas efetivas e adaptação a novas demandas, o setor de turismo e eventos renovou sua capacidade de inovar e de promover experiências memoráveis.
Em um cenário global cada vez mais competitivo, o Brasil mostra sua força ao combinar tradição cultural, hospitalidade e profissionalização. As perspectivas são animadoras, mas exigem atenção aos desafios e comprometimento com estratégias de longo prazo. Assim, o setor não só retoma seu brilho, mas reforça seu papel como alavanca de crescimento econômico e desenvolvimento social.
Referências